domingo, 26 de julho de 2009

É me disseram...

Me disseram para comprar uma muda de pimenta.
Regar e acompanhar sua evolução.
Se ela começar a despencae e suas folhas começarem a secar,
Estou sendo espraguejada, invejada ou coisa assim.
Bem a pimenta já morreu, mas ainda continuo por aqui.





Sonho.

Eu sempre fui esquisita
Acho que nasci esquisita
Penso que minha mãe não se lembre,
pois antes já tivera 10.
E depois mais 1, o último.

Gostava de inventar
Gostava de representar

Lia todas as historietas orientais, de lugares longínquos,
pessoas e reinados inexistentes.
Lia 20 vezes cada história.
E depois passei a escrever, não inspirada porém naquelas histórias.
Fatos cotidianos, bem comuns, bem suburbanos, sem reinados nem escravos.
E então fui ficando cada vez mais inusutada.
Era feia, acho.
Porque os meninos não gostavam de mim.

As meninas sim, pois a elas servia escrevendo versos,
inventando situações, simulando episódios.
Inventiva e palhaça na adolescência, todos diziam que eu iria longe.
Correria o mundo inteiro.
Como atriz ou talvez escritora, ou mesmo inventora,
nunca burocrata, advogada ou fiscal da fazenda,
bancária, isso nunca nem pensar.
Ao optar por Comunicação visual no vestibular,
Levei um enorme "PAU"!
A Matemática se tornaria minha inimiga covarde,
pois sempre me vencia e me abatia fácilmente,
ajudada que era por seus guerreiros, o Logarítimo,
a Equação e a Espacial Geometria.
Continuei tentando e permaneci apanhando.
Então desisti, e me curvando à paixão, fui vencida pelo casamento.
E de vez aniquilada pelo dom da maternidade.
No entanto fui feliz por um tempo, sem me desgostar de ambos.
Porém concluo que eles sorveram a juventude e a fortaleza dos 20 anos.
Segui escrevendo muito, por todo e qualquer motivo,
sobre toda e qualquer situação.
Às vezes irônica, outras sábia, muitas vezes melancólica,
e outras tantas sofrendo dores osmóticas.
Consciente de que o meu maior defeito talvez me destrua.
Acomodação e medo de lutar, principalmente a conformação.
Conheci pessoas maravilhosas, escritores e poetas.
Artistas batalhadores e destemidos.
Que dormem no relento da esperança.
E me vejo protegida pela minha família e pelo emprego medíocre.
Sei que as pessoas da minha adolescência e juventude não acreditariam
Talvez até chorassem ao me ver tão apagada.
Essas dores são minhas únicas companheiras,
Como um aborto invertido do filho que não pude ter.
E me põe as vezes a escrever, procurar pessoas e ocasiões.
Espaço para essa alma criativa.
Ferreira Gullar uma vez me enganou em seu maravilhoso poema.
"Não há vagas"
Ele dizia que no poema não há vagas para o "operário que esmerila seu dia de aço, sim
para a mulher de núvens e o homem sem estômago..."
Mas nessas pessoas não existe vagas para o poema,
Me disfarcei a procurar as vagas, e não a acho, não a acho, não a acho.

Talvez consiga ser mais feliz,
juntando menos trastes e mais conquistas,


sem jamais pensar em riquezas,
Talvez em mais tranquilidade, mais chances, um quadrado
maior do que o atual, pessoas mais lúcidas para lidar,
mais sonhadoras para compartilhar,
lugar mais humano para trabalhar.







Não há vagas

O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão.

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,

está fechado: “não há vagas”

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

O poema, senhores,

não fede

nem cheira.






YOUTH ( JUVENTUDE)

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