quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Os 50 tons translúcidos de uma mulher de 50


                                           fonte: acervo próprio   


Complicações.
É... na verdade foi atrás dessas complicações que me enveredei para tomar meu partido, fosse ele de revolta ojerizada ou furor interno de envolvimento e entusiasmo!
Sempre me coloco à parte de opiniões alheias, sejam unânimes ou fatiadas.
Nunca corri ao cinema ao ver o bonequinho aplaudindo de pé. ( Quem lê o Jornal O Globo, entende o que falo)
Jamais abandonei qualquer canoa ao perscrutar ratos em disparada.
Então nesse jogo de Nojo ou Gôzo, vou resenhar e desenhar minha percepção sobre os livros da trilogia “ 50 Tons”
Em primeiro lugar insisto na minha visão de que ninguém forma ou é formado sozinho, porque ninguém sabe o absoluto, o definitivo nem o que é feio ou belo para todo mundo e qualquer um..
 Nós seres humanos, e eu particularmente residente desse País Laico, acredito em Deus, professo várias crenças e não me vejo apenas átomos, moléculas, pedaços de um tudo ou de nada que se transforma,
 acredito em um ser supremo e altivo que chamo de Deus, e respeito o que quer que cada um chame.
 Nessa picada que traço, amo, cultuo e respeito todas as coisas que acho belas, mas entendo que para o meu vizinho essas mesmas coisas podem se apresentar feias e horrorosas, e vice versa para ele também!

Então sem mais papo furado, vou começar a falar dessa “Obra” motivo de Regozijo para milhões e asco para muitos!
Comecei a ler por pura curiosidade e para formar a minha opinião, a despeito do que havia ouvido falar de ruim ou bom, porque como já dissera anteriormente, sempre fiz isso com as coisas que me chamavam a atenção e faziam-me parar o que estava fazendo para olhar.




No início a autora vai muito direto à lascívia ( risos meus) quase que esquecendo um enredo que prendesse ou fizesse aquele leitor mais purista querer prosseguir tentando encontrar um fio interessante e ou relevante.
Confesso que a luxúria das palavras meio que prende e te deixa um pouco confusa, sobre coisas meio que “pervertidas” ( hum...)
Após prosseguir a leitura começa a surgir certo interesse em uma possível seriedade da história.
A autora se faz bem esperta ao mensurar e refletir a história da mocinha, virgem aos 22 anos, e o moço lindo, rico, diferente e maníaco e repito lindo e rico!
Acho que ela queria resgatar o público de quarentonas e cinquentonas que queriam muito mais, ao suspirarem lendo o romance “Twilight”, Crepúsculo, e que se apaixonaram pelo Edward e Jacob, sem que essas se sentissem meio que fora do páreo para essas crianças assexuadas e politicamente corretas.
Então tá, vejo algumas falhas em relação às regras ( chatas) da literatura, principalmente Inglesa que remete à Jane Austen, Charles Dickens, etc.
Lógico que a E L James, pouco estava se preocupando com lirismo ou tradição, mas é claro que é PHD no que a maioria queria ler e sentir ao manusear sua Obra. Essa maioria herdada da autora de Crepúsculo, que cansou de ver Edward ser tão certinho e altruísta.
Então ta! 




imagem:christiangrey.com.br

Continuando a ler quase da metade para o fim, me vejo meio que embriagada pela narrativa e começo a deixar minha crítica de plantão (mesmo que reacionária) de lado e me entrego ao prazer de apenas ser mais uma envolvida na história quase inacreditável, eu disse quase...
O herói ( anti-herói para alguns) tem suas manias e heranças perturbadas e perturbadoras mas é cheio de charme e cavalheirismo também, perde a noção do que é certo em um relacionamento, tem medo, tem limites, mas é deliciosamente intrigante.
A mocinha é primeiramente desajeitada, mas ao longo se torna esperta e consegue o improvável desse cara mau!
Ai ai!
Consigo tirar, apenas do primeiro da trilogia (ainda não li os 3) um pouco de lirismo, poesia e verdade do que existe em mundo de pretensos “ papais mamães” e que é ainda muito escondido e tabulado pela sociedade machista e hipócrita. Porque acredito ser possível, eu que sou mulher, poeta e pisciana, que um casal desses pode mesmo existir e que um possa ajudar ao outro de alguma maneira.
O cara interessantésimo, hipnótico e cheio de traumas e regras e  a menina meio que atrapalhada e introspectiva, que descobre em si mesmo uma coragem de dizer não em determinada situação limítrofe, mas que verdadeiramente pode preferir que esse cara cheio de cicatrizes, lhe meta a mão às vezes, do que abrir mão das maravilhas que vem na bagagem!

Nessa viagem relembro meus primeiros anos de descoberta sexual e sensual e vejo que a autora não mente nem inventa algumas de suas descrições "orgasmáticas". Existe muita mulher de saia bem comprida que  rasga tudo e quebra o salto na hora do melhor e da conquista, é claro que nem todas tem a sorte de encontrar um mocinho rico e lindo como o da história, de qualquer maneira, quase todas encontram esse primeiro príncipe, e nem todos viram sapo no final.
Não quero quebrar a surpresa dos que ainda não leram, estão em dúvida ou detestam pensar na ideia  por isso não vou detalhar o que mais me tocou.
Faço questão, no entanto de dizer que ao final de tudo uma coisa me deixou muito feliz!
 “Nunca temperar minha comida com o tempero que o outro indica, e sim experimentar e ver do que mais gosto”
Então eu, que já li mais de 1000 livros,  confesso que sempre gostei de uma pimenta, e aos 14 anos lia Harold Robbins, Sidney Sheldon, Jacqueline Susann, alem de logicamente prosseguir pela vida na leitura de Vinícius de Moraes, Augusto dos Anjos, Manuel de Barros e Gregório de Mattos, também gostava de apreciar romances de Ernest Hemingway, Shakespeare, Emily Bronté e Alexandre Dumas, alem de muitos, muitos outros, me vejo certificada a dar um “parecerzinho”  fajuto e sem pretensões e recomendar a leitura sim, principalmente para as mulheres de maior, entende?
Deleitem-se com as palavras de baixo calão e lambuzem-se nas primeiras lembranças.
Posso dizer que fiquei encantada pelas palavras duras e reais, pela situação mistura de sonho e pesadelo, indignada e consciente que as agruras relatadas são plausíveis e próximas à realidade de qualquer um e que vou continuar lendo, já estou no segundo e logo que acabar vou ler o último!
Meninas não façam nunca o que os outros te dizem para fazer, façam o que simplesmente te deixem felizes ou te dê prazer, mesmo que alguns achem feio, julguem anormais e obscenos, cada um sabe o que bonito ao seu próprio olhar! 
Sigam e prossigam.
Gilzinha. 



                                             imagem:cinema.uol.com.br

links:


Debussy: ‘La Fille Aux Cheveux de Lin’ (Moura Lympany);




YOUTH ( JUVENTUDE)

  A juventude é passageira dizem alguns.  Os jovens não sabem aproveitar a juventude, dizem outros. As duas opiniões são verdadeiras de algu...