domingo, 8 de abril de 2012

Maconha - que mal ela faz? E bem?


O que vou demonstrar com esse artigo, além de opiniões, são pesquisas e estudos sérios.
De maneira alguma, como sempre acontece com quem mostra cientificamente os prós do uso da maconha, e acusar o interlocutor de fazer apologia, então antes de qualquer juízo de valor, antecipo que não estou emitindo nenhuma opinião própria, já que pessoalmente nunca pesquisei sobre o assunto, apenas vou relatar a pesquisa de terceiros, que foi lida com bastante responsabilidade e se houver algum erro, antecipadamente me desculpo.
Baseado em artigo publicado na Revista Super interessante, de agosto de 2002, por Denis Russo Burgierman / Alceu Nunes
 
A MACONHA
Seu uso causa danos à saúde? Qual é a verdade comprovada dessa afirmação? Por que é proibido seu consumo?
O toucinho frito ( bacon ) vendido em bares faz mal à saúde? O álcool consumido em excesso faz mal à saúde? São proibidos?
Conforme estudo nenhum mal sério foi comprovado para o uso moderado da maconha, cogita-se que a guerra contra a planta foi motivada por fatores raciais, econômicos, políticos e morais em detrimento de argumentos de caráter científico. Alguns motivos inconfessáveis seriam principalmente contra árabes, chineses, mexicanos e negros, considerados os usuários freqüentes de maconha no início do século XX. Corrobora esse argumento o interesse das indústrias poderosas dos anos 20, que tendo interesse voltado à industrialização e venda de tecidos sintéticos e papel, queriam destruir a concorrência do cânhamo.

( Cânhamo ou cânhamo industrial é o nome que recebem as variedades da planta Cannabis e o nome da fibra que se obtém destas, que tem, entre outros, usos têxteis. Além de roupas, é utilizado na fabricação de papel e como forragem animal.)
 








A proibição



Uma história criada por um funcionário do Governo americano, *Harry Anslinger, pode ter sido a maior responsável pela proibição e a ilegalidade da maconha hoje.
Leia:
“O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel.” Começa assim a matéria “Marijuana: assassina de jovens”, publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu."
Mesmo sempre tendo sida vista com maus olhos, no início do século o uso da maconha era liberada.
No Brasil era atribuído o seu uso principalmente por negros, utilizadas em terreiros de candomblé facilitando a incorporação.
Na Europa era associada aos imigrantes árabes e indianos, intelectuais e boêmios.
Nos Estados Unidos eram atribuídos aos mexicanos.
Na maior parte do ocidente enfim era relegado e atribuído o uso às classes marginalizadas, e repudiada pela classe média branca.

Sempre cercada por preconceito que passada de pai para filho, muito de seu real valor terapêutico ou industrial, foi colocada em cheque por tradicionalistas e governos.

Dessa planta que fornecia fumo para as classes mais baixas, advinham diversas outras substâncias, como por exemplo dezenas de remédios, de xaropes para tosse a pílulas para ajudar a dormir, sendo portanto de enorme importância econômica. "A produção de papel utilizava como matéria prima a fibra do cânhamo, retirada do caule do pé de maconha"
Poderemos enumerar as indústrias que dependiam dessas substâncias, desde fabricação de corda, velas de barco, redes de pesca e qualquer outro produto que necessitasse de material resistente. A Ford desenvolvia então combustíveis e plásticos feitos a partir do óleo da maconha. Nessa época as plantações ocupavam imensas áreas nos Estados Unidos e Europa.

Leia o resto da matéria em: 
http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml

Em 1920 cercada por todo tipo de preconceito e sob pressão de grupos religiosos para que fosse tirado de circulação seu consumo e comercialização, o álcool foi proibido e assim criado a lei seca, que durou até 1933, em contrapartida com a saída do álcool, a maconha entrou na vida pública americana.
"A proibição do álcool foi o causador do que foi chamado de "boom" da maconha", como afirma o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista sobre o assunto narcótico, em seu livro denominado "The Pursuit of Oblivion (A busca do esquecimento, sem versão no Brasil).“Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam maconha começaram a proliferar”, escreveu.

*Anslinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promíscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substância. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.
Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e o ópio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritório nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefiá-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela política de drogas do país. E quanto mais substâncias fossem proibidas, mais poder ele teria.



Duvidou-se que a empreitada fora motivada apenas pela sede de poder, e que outros fatores poderiam ter motivado a bandeira da proibição. Sendo esse importante membro do governo grande artífice da proibição de qualquer utilidade para as substâncias da planta, foi colocada em cheque como real motivação os interesses da empresa Petrolífera Gulf Oil, que pertencia ao tio de sua esposa, e principal investidora da DuPont. "“A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo”, afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução).”
Leia mais do artigo em:
http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml


Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída – levando com ela a indústria de papel de cânhamo.
Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde). Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada. Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, “algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos”.
 
Sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura, os deputados votaram pela proibição do seu cultivo, venda ou uso da cannabis. Então foi proibida não só o consumo como droga, mas a planta como qualquer outra utilização produtiva, fora cassada e proibida de existir.
Atuando internacionalmente, Anslinger criou uma rede de espiões passando a freqüentar as reuniões da liga das Nações, que antecedia a ONU, com propostas cada vez mais duras visando a repressão do tráfico internacional.
Com argumentos aterrorizantes não foi difícil convencer outros líderes de diversos países, assim como conseguira com os próprios americanos, do quão nocivo seria  a permissão da utilização da cannabis.
Na década de 20 o Brasil adotou, assim como a Europa a idéia proibicionista.



“A proibição das drogas serve aos governos porque é uma forma de controle social das minorias”, diz o cientista político Thiago Rodrigues, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha é coisa de mexicano, mexicanos são uma classe incômoda. “Como não é possível proibir alguém de ser mexicano, proíbe-se algo que seja típico dessa etnia”, diz Thiago. Assim, é possível manter sob controle todos os mexicanos – eles estarão sempre ameaçados de cadeia. Por isso a proibição da maconha fez tanto sucesso no mundo. O governo brasileiro achou ótimo mais esse instrumento para manter os negros sob controle. Os europeus também adoraram poder enquadrar seus imigrantes.
Dessa maneira os Estados Unidos adquiriram controle internacional dessa proibição, principalmente depois da Convenção da ONU de que as drogas eram ruins para a saúde e o bem estar da humanidade, que necessitavam da intervenção e ações coordenadas e universais para a repressão e contenção. 
“Isso abriu espaço para intervenções militares americanas”, diz Maierovitch. “Virou um pretexto oportuno para que os americanos possam entrar em outros países e exercer os seus interesses econômicos.”
Estava erguida a com estrutura  mundial interessada em manter as drogas na ilegalidade.
Em 1962, o presidente John Kennedy demitiu Anslinger, depois que esse permanecera 32 anos à frente do FBN. "Um grupo formado para analisar os efeitos da droga concluiu que os riscos da maconha estavam sendo exagerados e que a tese de que ela levava a drogas mais pesadas era furada. Mas não veio a descriminalização. Pelo contrário. O presidente Richard Nixon endureceu mais a lei, declarou “guerra às drogas” e criou o DEA (em português, Escritório de Coação das Drogas), um órgão ainda mais poderoso que o FBN, porque, além de definir políticas, tem poder de polícia."



Principais perguntas:


Maconha faz mal ?
Taí uma pergunta que vem sendo feita faz tempo. Depois de mais de um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco e só para casos extremos. O uso moderado não faz mal. A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894, quando a Índia fazia parte do Império Britânico. Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Grupos religiosos britânicos reivindicavam sua proibição. Formou-se a Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatório final desaconselhou a proibição: “O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool”.
Provoca Câncer ?
Não se provou nenhuma relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traquéia, boca e outros associados ao cigarro. Isso não quer dizer que não haja. Por muito tempo, os riscos do cigarro foram negligenciados e só nas últimas duas décadas ficou claro que havia uma bomba-relógio armada – porque os danos só se manifestam depois de décadas de uso contínuo. Há o temor de que uma bomba semelhante esteja para explodir no caso da maconha, cujo uso se popularizou a partir dos anos 60. O que se sabe é que o cigarro de maconha tem praticamente a mesma composição de um cigarro comum – a única diferença significativa é o princípio ativo. No cigarro é a nicotina, na maconha o tetrahidrocanabinol, ou THC. Também é verdade que o fumante de maconha tem comportamentos mais arriscados que o de cigarro: traga mais profundamente, não usa filtro e segura a fumaça por mais tempo no pulmão (o que, aliás, segundo os cientistas, não aumenta os efeitos da droga).


Dependência ?

Algo entre 6% e 12% dos usuários, dependendo da pesquisa, desenvolve um uso compulsivo da maconha (menos que a metade das taxas para álcool e tabaco). A questão é: será que a maconha é a causa da dependência ou apenas uma válvula de escape. “Dependência de maconha não é problema da substância, mas da pessoa”, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo Dartiu, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral, ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. Pessoas que não se encaixam nisso não desenvolvem o vício. “E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quanto de sexo, de jogo, de internet”, diz.


Danos cerebrais ?            
“Maconha mata neurônios.” Essa frase, repetida há décadas, não passa de mito. Bilhões de dólares foram investidos para comprovar que o THC destrói tecido cerebral – às vezes com pesquisas que ministravam doses de elefante em ratinhos –, mas nada foi encontrado.
Muitas experiências foram feitas em busca de danos nas capacidades cognitivas do usuário de maconha. A maior preocupação é com a memória. Sabe-se que o usuário de maconha, quando fuma, fica com a memória de curto prazo prejudicada. São bem comuns os relatos de pessoas que têm idéias que parecem geniais durante o “barato”, mas não conseguem lembrar-se de nada no momento seguinte. Isso acontece porque a memória de curto prazo funciona mal sob o efeito de maconha e, sem ela, as memórias de longo prazo não são fixadas (é por causa desse “desligamento” da memória que o usuário perde a noção do tempo). Mas esse dano não é permanente. Basta ficar sem fumar que tudo volta a funcionar normalmente. O mesmo vale para o raciocínio, que fica mais lento quando o usuário fuma muito freqüentemente.
Há pesquisas com usuários “pesados” e antigos, aqueles que fumam vários baseados por dia há mais de 15 anos, que mostraram que eles se saem um pouco pior em alguns testes, principalmente nos de memória e de atenção. As diferenças, no entanto, são sutis. Na comparação com o álcool, a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.



Faz mal ao Coração?
O uso de maconha dilata os vasos sangüíneos e, para compensar, acelera os batimentos cardíacos. Isso não oferece risco para a maioria dos usuários, mas a droga deve ser evitada por quem sofre do coração.

Causa Infertilidade?
Pesquisas mostraram que o usuário freqüente tem o número de espermatozóides reduzido. Ninguém conseguiu provar que isso possa causar infertilidade, muito menos impotência. Também está claro que os espermatozóides voltam ao normal quando se pára de fumar.

Provoca Depressão imunológica
Nos anos 70, descobriu-se que o THC afeta os glóbulos brancos, células de defesa do corpo. No entanto, nenhuma pesquisa encontrou relação entre o uso de maconha e a incidência de infecções.

Provoca Loucura?
No passado, acreditava-se que maconha causava demência. Isso não se confirmou, mas sabe-se que a droga pode precipitar crises em quem já tem doenças psiquiátricas.
Gravidez
Algumas pesquisas apontaram uma tendência de filhos de mães que usaram muita maconha durante a gravidez de nascer com menor peso. Outras não confirmaram a suspeita. De qualquer maneira, é melhor evitar qualquer droga psicoativa durante a gestação. Sem dúvida, a mais perigosa delas é o álcool.


Maconha faz bem?
No geral, não. A maioria das pessoas não gosta dos efeitos e as afirmações de que a erva, por ser “natural”, faz bem, não passam de besteira. Outros adoram e relatam que ela ajuda a aumentar a criatividade, a relaxar, a melhorar o humor, a diminuir a ansiedade. É inevitável: cada um é um.
O uso medicinal da maconha é tão antigo quanto a maconha. Hoje há muitas pesquisas com a cannabis para usá-la como remédio. Segundo o farmacólogo inglês Iversen, não há dúvidas de que ela seja um remédio útil para muitos e fundamental para alguns, mas há um certo exagero sobre seus potenciais. Em outras palavras: a maconha não é a salvação da humanidade. Um dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da droga do efeito psicoativo – ou seja, criar uma maconha que não dê “barato”. Muitos pesquisadores estão chegando à conclusão de que isso é impossível: aparentemente, as mesmas propriedades químicas que alteram a percepção do cérebro são responsáveis pelo caráter curativo. Esse fato é uma das limitações da maconha como medicamento, já que muitas pessoas não gostam do efeito mental. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o uso médico da cannabis é proibido e milhares de pessoas usam o remédio ilegalmente. Conheça alguns dos usos:

Leia sobre as propriedades da maconha e sua interferência em doenças como:

Câncer, Esclerose múltipla, Aids, Dor, Glaucoma, Ansiedade.

http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml


O presente
Segundo dados da ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a terceira droga psicoativa mais consumida do mundo, depois do tabaco e do álcool. A droga é proibida em boa parte do mundo, mas, desde que a Holanda começou a tolerá-la, na década de 70, alguns outros países europeus seguiram os passos da descriminalização. Itália e Espanha há tempos aceitam pequenas quantidades da erva – embora a Espanha esteja abandonando a posição branda e haja projetos de lei, na Itália, no mesmo sentido. O Reino Unido acabou de anunciar que descriminalizou o uso da maconha – a partir do ano que vem, a droga será apreendida e o portador receberá apenas uma advertência verbal. Os ingleses esperam, assim, poder concentrar seus esforços na repressão de drogas mais pesadas.
No ano passado, Portugal endureceu as penas para o tráfico, mas descriminalizou o usuário de qualquer droga, desde que ele seja encontrado com quantidades pequenas. Porte de drogas virou uma infração administrativa, como parar em lugar proibido.
Nos últimos anos, os Estados Unidos também mudaram sua forma de lidar com as drogas. Dentro da tendência mundial de ver a questão mais como um problema de saúde do que criminal, o país, em vez de botar na cadeia, obriga o usuário a se tratar numa clínica para dependentes. “Essa idéia é completamente equivocada”, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, refletindo a opinião de muitos especialistas. “Primeiro porque nem todo usuário é dependente. Segundo, porque um tratamento não funciona se é compulsório – a pessoa tem que querer parar”, diz. No sistema americano, quem recusa o tratamento ou o abandona vai para a cadeia. Portanto, não é uma descriminalização. “Chamo esse sistema de ‘solidariedade autoritária’”, diz o jurista Maierovitch. O Brasil planeja adotar o mesmo modelo.
O futuro
Há possibilidades de uma mudança no tratamento à maconha? “No Brasil, não é fácil”, diz Maierovitch, que, enquanto era secretário nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalização. “A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente”, afirma. A idéia é que ela fosse colocada em prática ao mesmo tempo nos dois países. Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de idéia depois. O jurista afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos – e não só aqui no Brasil. O deputado federal Fernando Gabeira, hoje no Partido dos Trabalhadores, é um dos poucos identificados com a causa da descriminalização. “Pretendo, como um primeiro passo, tentar a legalização da maconha para uso médico”, diz. Mas suas idéias estão longe de ser unanimidade mesmo dentro do seu partido.
No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas a Super apurou, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que a Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley – fica para o leitor imaginar que produto a empresa de tabaco pretende comercializar com o nome do ídolo do reggae.

http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml

Para saber mais:

Na livraria
O Grande Livro da Cannabis, Rowan Robinson, Jorge Zahar, 1999
A Maconha, Fernando Gabeira, Publifolha, 2000
Science of Marijuana, Leslie L. Iversen, Oxford, Ingleterra, 2000
The Pursuit of Oblivion: A Global History of Narcotics 1500-200, Richard Davenport-Hines, Weidenfeld & Nicolson, Ingleterra, 2001
Diamba Sarabamba, Anthony Henman e Osvaldo Pessoa Jr. (organizações), Ground, 1986
Plantas de los Dioses, Richard Evans Schultes e Albert Hofmann, Fondo de Cultura Económica, México, 1982
The Emperor Wears no Clothes, Jack Herer, Green Planet Company, Inglaterra, 1994
Green Gold the Tree of Life, Chris Bennett, Lynn e Osbum, Judy Osbum, Access, EUA, 1995
Amores e Sonhos da Flora, Henrrique Carneiro, Xamã, 2002 



 Meu Bem, Meu Mal

Você é meu caminho
Meu vinho, meu vício
Desde o início estava você
Meu bálsamo benígno
Meu signo, meu guru
Porto seguro onde eu voltei
Meu mar e minha mãe
Meu medo e meu champagne
Visão do espaço sideral
Onde o que eu sou se afoga
Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval
Meu zen, meu bem, meu mal


 Droga!
 
Assim como o maior dos amados é o maior causador de nossos sofrimentos
Assim tal qual o fugidor de meus sentimentos
É aquele ao qual dedico meus ais e meus sussurros
Àquele ao qual me odeio por amar

Justamente ao mau ganhador do meu peito
Àquele que subsidia minha angústia
Locatário de minhas tristezas e carcereiro da minha esperança.

Justamente ao causador de minha total dependência
A esse dedico meus minutos
Meus passos perdidos a esse dedicam
Ao tal indivíduo, a esse dedico meu respirar

Minha droga é essa droga de pensar
Pensar e não ponderar.
Caminhando de encontro ao nada, é assim que insisto
Em perseguir o teu existir

Porque fujo de casa todo dia pra te fumar
Pra tragar teus fluídos
Cheirar teus ombros de partida

Isso! parta sim e assim
Me parta ao meio e ao infinito
Pois só subsistirei se ao voltar o rosto ao lado
Do teu lado em meu pensamento resista
A última dor que sentirei no grito
Te vendo sim partindo
Só pra insistir em seguir traduzindo
A deturpação que fizeste da vida!

 Gilzinha

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