Após algum tempo, e após algumas outras arrumações mexendo nas coisas antigas e deixadas por minha mãe, me vi novamente mexendo em sacos pretos de lixo, com alguns de seus pertences, muitos que eram, entre as miudezas, suas escrituras, que a mim deixou de herança, crochês, bordados, penduricalhos, e roupas minúsculas, porque nos seus últimos anos, se vestia com roupas de criança, porque estava miúda e magrinha, porém lépida, lúcida e escolhedora de seus próprios vestes e adereços, entre esses guardados ainda haviam muitas coisas brejeiras e de grande valor, pra nós seus filhos, e sob o coro de "joga fora, coisas velhas, emprestaveis, desapega! " achei umas blusinhas, pequetitas, mas de tecido elástico, por isso resolvi levar pra minha casa, lavar e apertar meus peitos, os obrigando a entrar nelas!
Apenas hoje fui tirá-las do embrulho e pra minha surpresa lá estava o cheiro dela, cheiro de velhinha cheirosa, cuidosa, que aos 90 e tantos, se lavava, perfumava e maquiava, e essas peças estavam intactas, cheirosas com o amadeirado perfume que meu filho do meio se emocionou ao sentir na época próxima a sua passagem, quando mexemos em seu quarto a procura de documentos... Entao deixei as peças de lado, fitando-as embaraçada, com pena de lavá-las, e me apoderando desse cheiro de vida que segue em todos os poros de meu suor, lágrimas e sangue que ainda correrá nas veias de tantos descendentes Trindade Pinto!
Evoé! Salve ela!
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